Bancos avaliam aumentar juros no crédito imobiliário com alta da Selic
Com o aumento da taxa Selic pelo Banco Central, instituições financeiras e construtoras preveem elevação nas taxas de crédito imobiliário. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 10,75% ao ano, com expectativa de atingir 12% até janeiro de 2025.
A vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, afirmou que a taxa será mantida se o volume de financiamentos seguir o planejado. Caso contrário, uma revisão pode ocorrer. A Caixa liberou R$ 39,5 bilhões em crédito até julho, 56,4% do orçamento anual de R$ 70 bilhões.
Especialistas de mercado avaliam uma possível alta nas taxas de crédito imobiliário se a tendência dos juros não mudar. “Não tem muito como escapar dessa situação”, afirma Bruno Bianchi, do Itaú BBA, destacando o impacto negativo para o setor imobiliário, que depende intensivamente de capital.
Thiago Lisboa Spessoto, do Bradesco, alerta para a pressão sobre as taxas. Com a escassez de recursos da poupança, os bancos buscam alternativas atreladas à Selic, afetando o spread bancário – diferença entre o que os bancos cobram dos tomadores de crédito e o quanto pagam para os depositantes. “A pressão sobre o spread é na veia”, enfatiza.
Para Miguel Mickelberg, da Cyrela, a alta dos juros é “frustrante” e contraria as antigas expectativas do mercado, impactando financiamentos. Já Emilio Fugazza, da Eztec, notou aumento na procura por financiamento direto com incorporadoras, indicando restrições nos bancos.
Priscilla Basso, coordenadora de crédito da consultoria MelhorTaxa, argumenta que, embora as taxas não tenham mudado, “vimos limitações na oferta dos recursos”, o que impacta a disponibilidade de crédito no mercado.
O presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz França, levanta preocupações com a classe média, que seria especialmente afetada com aumento dos juros. “A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados. Isso não só compromete o orçamento das famílias, que enfrentam obstáculos para financiar a casa própria, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras, afetando todo o setor”.
Fonte: Estadão
Caixa avança em contratos do Minha Casa, Minha Vida em BH, mas retém financiamento
Mesmo enfrentando atrasos na aprovação de financiamentos, a Caixa Econômica Federal continua a firmar contratos para empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) em Belo Horizonte (MG). Os anúncios surpreendem clientes, que relatam meses de espera para concretizar o sonho da casa própria.
Recentemente, novos contratos foram assinados com a Prefeitura de Belo Horizonte. Um dos acordos prevê R$ 520 milhões para a construção de 3.060 unidades habitacionais nas regiões Oeste e Pampulha, em terrenos públicos municipais. Em outro contrato (fechado do dia 4 de outubro), destina-se ao Residencial Mar de Rosas, no Bairro Juliana, com 72 apartamentos.
Segundo a parceria entre governo federal e prefeitura, a União investirá R$ 12,24 milhões, enquanto a administração municipal contribuirá com R$ 1,9 milhão para o desenvolvimento das moradias.
Enquanto as negociações avançam, do outro lado, clientes relatam em fóruns que a Caixa aguarda dotação orçamentária para agendar assinaturas de financiamentos. A falta de recursos ameaçaria atrasar projetos e compromissos. “A vistoria foi rápida, mas na hora de assinar o contrato, a Caixa informa que está sem reserva”, diz uma cliente que não teve a identidade revelada pelo Diário do Comércio.
Outro mutuário ouvido pela reportagem reclama de dois meses de espera sem solução. “Passei por análise documental e vistoria, mas a proposta aguarda dotação orçamentária. Tenho pressa e não me dão prazo”, denuncia.
Recentemente o governo federal reduziu a cota de financiamento para imóveis usados no MCMV, agora limitada a 70% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e 50% no Sul e Sudeste.
O programa Pró-Cotista também sofreu ajustes, reduzindo o financiamento de 60% para 50% para rendas inferiores a R$ 12 mil.
Segundo o Ministério das Cidades, “o reajuste visa garantir recursos para imóveis novos até o fim do exercício”. A Caixa não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre atrasos na liberação dos financiamentos.